
Uso Terapêutico
Registos indicam que o Cannabis já é usado pelas suas propriedades psicoativas e medicinais há mais de 2700 anos. [6]
Já foi aprovado para fins medicinais em vários locais como no Canadá, República Checa, Israel e Alemanha. [6, 16]
Numerosos estudos pré-clinicos indicam que os endocanabinóides estão envolvidos em muitas funções no sistema digestivo incluindo na produção de ácido gástrico, náuseas, emese, sensação visceral, motilidade gastrointestinal, fibrinogénese hepática e inflamação intestinal. No entanto, a modulação do sistema digestivo por endocanabinóides foi demonstrada maioritariamente por endocanabinóides sintéticos, sendo a evidência clinica de que o Cannabis pode ser usado em distúrbios gastrointestinais, ainda, muito limitada. [6]
Análogos do THC oral (dronabinol e nabilona) têm sido comparados com antagonistas da dopamina para o alívio de náuseas e vómitos induzidos pela quimioterapia, provando-se ser benéfica em alguns casos.[6]

Um outro efeito do Cannabis é a estimulação do apetite. Esta característica tem interesse para pacientes com anorexia associada à SIDA, sendo que estas evidências foram demonstradas com o Dronabinol, que provou melhorar a anorexia e ainda conduzir ao ganho de peso.[6]
O uso diário de Cannabis entre indivíduos com hepatite C tem sido associado com aumento de esteatose e fibrose. Por outro lado, foi avaliado o seu uso durante a terapia à base de Interferon e verificou-se uma melhoria da doença com redução dos sintomas associados ao tratamento. [6]
Pacientes com Colite ulcerosa e Doença de Crohn poderão usar o Cannabis para reduzir os sintomas associados a estas doenças como a falta de apetite, náuseas e dores abdominais. Foram realizados pequenos estudos observacionais de pacientes com doença de Crohn e que fumam Cannabis, com concentração moderada de THC. Os pacientes indicam que o consumo de Cannabis tem efeitos benéficos nos sintomas da doença e desta forma, no bem-estar geral. Apesar disto, a evidência de uma melhoria objetiva na atividade da doença é inexistente.[6]
Evidências pré-clínicas indicam que o sistema endocanabinóide desempenha um papel importante na modulação da dor. No entanto, apesar de também haver evidências significativas de que os canabinóides sintéticos e o Cannabis medicinal modulam a dor crónica, não há estudos controlados em humanos de modo a avaliar especificamente a eficácia do mesmo.[6]
O Cancro e o HIV são as principais doença incluídas para o uso de Cannabis, nos países onde já é permitido o seu uso para fim terapêutico. Embora, muitos países também permitam a utilização de Cannabis para condições como náuseas, caquexia, Hepatite C e Doença de Crohn.[6]
É cada vez mais evidente que o sistema endocanabinóide tem atividade em diversas vias biológicas como no sistema gastrointestinal e na fisiologia e patologia hepática, por exemplo. No entanto, os estudos são ainda muito escassos relativamente à eficácia a longo prazo. No entanto, já foi demostrada que a sua segurança tem um intervalo maior quando comparada com outras substâncias ilícitas, como por exemplo, o álcool.[6]
Como o uso do Cannabis medicinal continua a crescer nos Estados Unidos, os médicos devem assumir a liderança na compreensão dos riscos e benefícios, a fim de fornecer informações precisas aos doentes. No entanto é importante realçar que a compreensão da utilização versus riscos e benefícios requer investigação científica melhor concebida, de modo a que haja uma maior legalização do Cannabis para uso terapêutico.[6]
[17]
6. Gerich, M.E., et al., Medical Marijuana for Digestive Disorders: High Time to Prescribe[quest]. Am J Gastroenterol, 2015. 110(2): p. 208-214.
16. Müller-Vahl, K. and F. Grotenhermen, Correspondence (letter to the editor): Cannabis Therapy. Deutsches Ärzteblatt International, 2013. 110(9): p. 144.
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